sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Quando apareces?

Tenho-me mantido em silêncio. Provavelmente, não por não saber o que dizer, mas por preferir guardá-lo para mim. Os últimos dias, sabe-se lá porque motivo, têm sido cheios de memórias tuas. Vejo-te em todo o lado e ouço-te até a dormir. Sinto que me alimento à base do que vivemos, durante tanto tempo, e atrevo-me a recordar tudo. Como se mergulhasse num mar onde o teu nome ecoa e a nossa história vagueia diante dos meus olhos. Recordo-me tanto de ti; e é como se estivesses mesmo aqui, a maior parte do tempo. Como se tivesses saído para almoçar, mas regressasses. Como se o tempo que estivemos longe fosse pouco - tão pouco. Não tenho perceção do porquê de tudo isto; de como te recordo tão bem, como se estivesses na minha vida todos os dias; como se o nós existisse. Talvez por isso prefira não dizer mais; não confessar tudo. Ainda tenho medo do que confessar-te o que sinto pode implicar; ao mesmo tempo, sinto que é a única forma de te relembrar que nunca me esqueci de ti. Que quero mergulhar numa vida contigo. Que quero que estejas à noite na cama, à minha espera, quando acordo às quatro da manhã, por ter adormecido no sofá. Que quero entrelaçar os meus pés frios nas tuas pernas, enquanto te ouço refilar. Que quero passear de mão dada contigo, tanto no Porto e como em Lisboa. Que quero contar a toda a gente, como se gritasse, que me enches a alma e o coração. Que quero que as nossas roupas lavem em conjunto, na máquina, e que o jantar seja decidido com base nas tuas sugestões. Tudo isto, porque não quero que te esqueças de mim. E porque, se não to disser, sinto que sufoco - que o amor que tenho para te dar me vai sufocar.

Escrever estas palavras aqueceu-me o coração; ao mesmo tempo que me relembrou que, apesar de sentir que nunca te foste, não estás aqui. Espero que ainda sintas o meu amor e tudo o que as minhas palavras desejam transportar-te. E espero que, à tua maneira, ainda gostes um bocadinho de mim.

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