terça-feira, 2 de janeiro de 2024

 Abri o bloco de notas esta tarde. Comecei a escrever o que os meus músculos permitiam, mas dei por mim a resfriar-me. A evitar as palavras, como se as temesse. Sei que o faço muitas vezes; controlo os impulsos das emoções que sinto por ti, como se me quisesse resguardar. Não sei dizer se para me proteger a mim ou se para te proteger a ti. Ou se, no seu todo, para nos proteger as duas. Ainda acredito, sabes? Há uma parte de mim, ainda que pequena, que ainda acredita. E, talvez, por esse motivo, queira assegurar que terei segredos para te confessar só a ti - ao teu ouvido, onde mais ninguém nos ouve. Reconheço que entro nestas cogitações quando me sinto mais em liberdade. E, nos últimos dias, tenho-me sentido mais eu. Mais livre. Com menos amarras. Não sei até que ponto as minhas palavras, nos últimos meses, o têm refletido; mas é um facto que me tenho sentido muito condicionada. Pela realidade e pela rotina. Não tenho conseguido, contra a minha vontade, manter as compostura. Sei que isto são sinais de que não estou a fazer as coisas bem. De que não me tenho conseguido libertar das minhas tormentas - que são tantas. Felizmente, não tens sido uma tormenta. Nos últimos dias, consegui voltar a recordar-te com o coração quente. Ainda que nada tenha mudado. Ainda que tudo se mantenha exatamente como estava. O mundo a nossa volta vai girando e ajustando a órbita, mas nós permanecemos por aqui. Com quilómetros de distância e outros tantos, que fomos criando, a afundá-la. Quem sabe um dia sejam só centímetros. Ou continuem a ser quilómetros, mas consigamos olhá-los com maior leveza. Sei que o nosso momento, em que isso acontecerá,  ainda não chegou - quem sabe se alguma vez chegará. Seja como for, espero que, quando chegue, o meu coração esteja preparado. Espero que, eu própria, esteja capaz de te dar tudo o que mereces. E de receber o que, em tempos, me prometeste com tanta emoção. Até lá, a vida vai correndo o seu rumo. Até lá, continuarás a ser a minha inspiração a altas horas da noite. Sei, com a convicção do meu ser, que continuará a ser assim. Espero que, neste interregno, as minhas palavras continuem a aquecer-te o coração - e a oferecer-te o que nelas procuras, quando visitas este pedaço de mim. Espero que nunca te canses de me ler, mesmo se esse momento nunca chegar. E espero, acima de tudo, que nunca te esqueças de mim. Porque uma parte de mim vai sempre amar-te. Mesmo que grande parte da minha atenção seja ocupada por uma outra pessoa. Uma parte de mim vai sempre desejar-te - como se não houvesse amanhã.


my love
no games
I miss you weveryday
When I close my eyes
Can't say goodbye
I see you hiding even now
Between the scars
Left on my heart
It's like you carry me somehow

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