sábado, 4 de maio de 2024

Já não tenho jeito para isto

Duas da manhã. Duas e meia, para ser mais precisa. O meu corpo procura pelo espaço da cama que ainda está frio o suficiente para ser confortável. Estou sozinha esta noite. Como tem tenho nos últimos dias. Depois de tudo o que aconteceu, voltei a ter uma companhia temporária na cama, sobretudo nos primeiros dias em que tudo custava a passar. Precisei de um período para afagar as mágoas e esquecer aqueles segundos. Não lhe contei ele. Talvez porque não consegui ou porque, parte de mim, não o queria fazer. Tenho-me apercebido, sobretudo agora que tenho perdido mais tempo a refletir, que não tenho nem estou na realidade que desejei. Não sei se porque tua falta se sente demasiado; ou se porque continuo sem conseguir encontrar a felicidade em lugar algum. Tenho-me questionado se estou numa qualquer maldição, que me impede de amar. Que me prende o coração aqui, por mais que queira sair. Ainda assim, sempre que aqui venho, sinto que deixo algo por dizer. Fico a matutar sobre as palavras que não escrevi e a sonhar contigo, em silêncio. Ultimamente tem acontecido muito: sonhar contigo. Sobretudo nos dias depois do acidente. Nesses dias, apareceste-me várias vezes nos meus sonhos. Suspeito que para me dares uma força extra. Ou para garantires que, independentemente do tempo que passe, não me esqueceste. É mesmo assim? Ou já não sabes o meu nome? Se me perguntares, não te sei ao certo dizer com o que sonhei. Sei que estavas por cá, como sempre estás no meu pensamento. E acho que, ainda que inconscientemente,  me lembrei do aconchego que sinto no coração quando estás por perto. És e continuares a ser o sentimento que mais me acolhe; o amor que mais gosto de sentir.