"Vai com calma. Um dia de cada vez." Tenho ouvido estas palavras com alguma frequência. E é engraçado como, provavelmente, dizem-no pessoas que, provavelmente, não têm visibilidade sobre o que significa viver um trauma. Tenho plena consciência que o tempo cura tudo. O problema é que eu sou uma pessoa impaciente; e lido mal com a sensação interna de mau estar que me tem assolado nos últimos dias. Ao mesmo tempo, sinto que ainda não ultrapassei completamente o pânico. Por vezes, dou por mim com o coração a mil, como se o tempo parasse e voltasse ao meu carro. Sinto a velocidade e ouço o embate. Não o sinto, porque também não me lembro de o sentir. Esses segundos assemelham-se a uma sensação de terror que não existe igual. Reconheço que me aparecem em sonhos e no mundo real. E, neste momento, deixam-me receosa. Por mais que deseje voltar à rotina, sinto que estou apavorada para voltar amanhã. Não sei e não antecipo como vá ser. Nem sei com o que quero contar. Só sei que desejo profundamente que tudo corra bem. Dê por onde ser - espero que tudo corra bem.